quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Pesquisa da ENSP associa compulsão alimentar a estresse no trabalho


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Os aspectos psicossociais do trabalho influenciam na prevalência da compulsão alimentar, e essa associação obtém chances diferenciadas entre magros e obesos. Esse resultado, apresentado pela aluna do mestrado em Epidemiologia em Saúde Pública da ENSP Ana Paula Bruno Pena Gralle, advém da análise transversal com dados do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil) - uma pesquisa multicêntrica de coorte que acompanha funcionários públicos de seis instituições públicas das regiões Nordeste, Sudeste e Sul, entre elas a Fiocruz, com o propósito de investigar a incidência e os fatores de risco para doenças crônicas, em particular, as cardiovasculares e o diabetes. Do total de 12.096 trabalhadores ativos, 11.951 compuseram a amostra analítica. A dissertação foi orientada pela pesquisadora Rosane Härter Griep.
Segundo Ana Paula, o estresse psicossocial no trabalho está associado à compulsão alimentar sob três aspectos: alta exigência, trabalho ativo e trabalho passivo. “A dimensão demandas psicossociais foi positivamente associada ao desfecho, enquanto a percepção de maior controle no trabalho foi inversamente associada à compulsão alimentar. Observou-se modificação da associação entre estresse no trabalho e compulsão alimentar pelo Índice de Massa Corporal’’, explicou.
Hábitos alimentares saudáveis podem contribuir para a redução de riscos de ocorrência de doenças crônicas, como hipertensão arterial, câncer e obesidade. De acordo com o ELSA, as doenças crônicas são responsáveis pelos maiores índices de mortalidade e morbidade no Brasil. Seu aumento substancial não só traz consequências negativas para a qualidade de vida da população adulta do país, como também responde pelos maiores gastos com assistência hospitalar no Sistema Único de Saúde (SUS).
No entanto, para o estudo, ainda existem importantes lacunas de conhecimento sobre a incidência das enfermidades crônicas e seus fatores de risco. Políticas de controle dessas doenças têm sido formuladas de acordo com informações de estudos oriundos de países desenvolvidos. Dentro dessa conjuntura, o ELSA surge como pesquisa essencial para uma gestão da saúde pública no Brasil.
Em cada centro integrante do estudo ELSA-Brasil, os sujeitos da pesquisa – com idade entre 35 e 74 anos – fazem exames e entrevistas nas quais são avaliados aspectos como condições de vida, diferenças sociais, relação com o trabalho, gênero e especificidades da dieta da população brasileira. As seis instituições que integram o ELSA são: Fundação Oswaldo Cruz (Rio de Janeiro), Universidade de São Paulo (USP), e as universidades federais da Bahia (UFBA), Espírito Santo (Ufes), Minas Gerais (UFMG) e Rio Grande do Sul UFRGS).
Além de fomentar o desenvolvimento de novas investigações, o estudo será fundamental para a adequação de políticas públicas de saúde às necessidades nacionais. O ELSA torna-se possível pelo interesse do Ministério da Saúde e do Ministério da Ciência e Tecnologia em realizar pesquisas nacionais de grande porte sobre a saúde da população adulta no Brasil.
O ELSA também tem como meta a qualificação de profissionais em epidemiologia de doenças crônicas e o fortalecimento da pesquisa científica nesse campo temático. Ultrapassando os limites nacionais, também pretende tornar-se referência para populações de outros países com características próximas à brasileira.

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