quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Regionalização é o caminho


SUS: Avanços e Desafios

Regionalização é o caminho

Sanitaristas reveem ênfase dada à municipalização, que acabou fragmentando o sistema, e destacam as regiões  de saúde como forma de se alcançar a universalização
Radis 145 – out/2014 (pág. 11)

A Revista Radis sempre traz temas pertinentes à saúde com enfoque na saúde pública. A edição de número 145, de outubro de 2014, tematizada em “REGIONALIZAÇÃO; Caminho para o SUS universal” é voltada para a universalização, trazendo diversas matérias a respeito do tema. Dentre elas está presente uma que levou em consideração a avaliação a regionalização do sistema único de saúde, intitulada de “Regionalização é o caminho: sanitaristas reveem ênfase dada à municipalização, que acabou fragmentando o sistema, e destacam as regiões de saúde como forma de se alcançar a universalização.”
O tema da 9ª Conferência Nacional de Saúde indicava que a municipalização seria o caminho para o Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo a pesquisadora Ana Luiza d’Ávila Viana, coordenadora do estudo Regiões e Redes, isto, somado ao padrão de financiamento baseado fortemente em recursos municipais, inibiu a cobertura universal do sistema por serviços que vão desde a atenção primária à alta complexidade mesmo em municípios com maior nível de renda. Naqueles com menores recursos hoje se observam vazios existenciais, gerando emigração populacional para os grandes centros.
Hoje os sanitaristas recriam esse slogan: regionalização é o caminho, segundo Luís Eugenio Portela, presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco). Luís e Ana afirmam que a regionalização pode permitir superar a fragmentação municipalista causada pelo papel municipal privilegiado sem a face da coordenação estadual das redes assistenciais. Gastão Wagner, professor da UNICAMP e autor da proposta SUS Brasil (destaca as regiões de saúde), afirma também que sem a constituição de redes o país não conseguirá garantir a integralidade do cuidado.
“A municipalização foi a estratégia mais viável de descentralização, pois permitiu a aliança entre os sanitaristas e municipalistas. (...) é possível pensar que houve, sim, um exagero na municipalização, como se fosse possível que todos os municípios cumprissem o papel de único prestador de serviços”, afirma Luís Eugenio. Houve um desvirtuamento da proposta original, que pretendia unificar o comando do sistema de saúde do Ministério da Saúde e nas secretarias da Saúde. No entanto, passou-se a falar de “comando único municipal”, o que não faz sentido num área que exige a participação das três esferas de governo.
A descentralização também representou importante avanço para concretizar o SUS, visto que foi a única forma de propiciar expansão da oferta dependente do investimento público municipal, sobretudo da atenção básica. Porém, o modo como ocorreu o processo colocou sobre os municípios um peso muito grande, afirma Antônio Carlos Figueiredo Nardi, presidente do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems). Neste tipo de sistema tudo deve ser dividido, incluindo o ônus (financiamento). Os municípios investem na saúde em 20 e 30% da receita, enquanto que a lei estabelece aplicação mínima de apenas 15%. O SUS hoje é tocado pelos municipalmente.
O modelo de descentralização do SUS nos anos 1990 foi importante para a expansão da cobertura de serviços e recursos públicos, porém até hoje não foi capaz de resolver as desigualdades regionais presentes no acesso, na utilização e no gasto público em saúde, além de não ter conduzido à integralidade. A regionalização surgiu como principal objetivo a equidade na alocação de recursos e no acesso às ações e serviços de saúde, sendo definida como “macroestratégia para aprimorar a descentralização”. Outro conceito para região de saúde, elaborado em 2011, é “espaço geográfico contínuo constituído por agrupamentos de municípios limítrofe, delimitado a partir de identidades culturais, econômicas e sociais e de redes de comunicação e infraestrutura de transportes compartilhados, com a finalidade de integrar a organização, o planejamento e a execução de ações e serviços de saúde”. Uma região de saúde deve ofertar ao menos a atenção primária, urgência e emergência, atenção psicossocial, atenção ambulatorial especializada e hospitalar e vigilância em saúde, necessitando de instrumentos para efetivação (mapa sanitário; Contratos Organizativos de Ação Pública – Coap, dentre outros), porém, um número diminuto de municípios aderiu ao Coap, que deveria servir para identificar a capacidade instalada hoje em todo o Brasil, as necessidades para diminuir os vazios existenciais e os recursos financeiros para acabar com esses vazios.



“No fundo, a estruturação das regiões está a exigir (...) o cumprimento do pacto [federativo] formalizado na Constituição Federal de 1988”, sendo urgente o maior compartilhamento de responsabilidades entre as três esferas de governo. O MS tem feito esforços para estruturar algumas redes, porém, afirma o presidente da Abrasco, que nem sempre precisam ser temáticas (rede Cegonha, rede de urgências, etc), já que a ideia de rede sugere buscar a integralidade da ação. Além, o subfinanciamento do SUS atravanca o processo de negociações sérias entre municípios distintos e entre estes e os estados e a União para constituição de redes. A regionalização apresenta vantagens de um sistema descentralizado sem as desvantagens de um sistema fragmentado.


Comentário da Matéria da Revista Radis feita por
 Danilo Almeida ( aluno do Estágio 2)
10/12/14
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